quinta-feira, 24 de março de 2011

A contribuição a mariologia da interpretação feminista.

O feminismo geralmente é visto com um pouco de reserva e de preconceito. Dado que muitas vezes é interpretado "a priori" como as mulheres daquele movimento que querem roubar o lugar dos homens. Seria necessário purificar a visão em relação ao movimento feminista e em particular dentro da teologia. Não podemos julgar todo um movimento na sua pluriformidade de expressão simplesmente porque tivemos uma experiência não muito interessante com alguma companheira inflamada pela causa. O mais interessante seria falar em feminismos visto que o movimento è amplo compreendendo periodos históricos diferentes e mentalidades diferentes, em paises diferentes não se pode dize que a mesma coisa o feminismo europeu, o norte americano ou o latino americano.
A denuncia do feminismo se ponderada, e percebida acima dos preconceitos, nos podem dar contribuições interessantes, principalmente no relacionar-se, como também no fazer teologia.
Com todas as discussões no ambito das ciencias sobre o sujeito que deve ser levado em consideração além do metodo, e das carateristicas objetivas, mas também a subejtividade joga uma sua influencia sobre o resultado de uma analise. Do ponto de vista do ser no mundo é muito diferente o ponto de vista, dependendo das classes sociais, do genero e da condição existencial. A perspectiva e a forma de ver o mundo a Weltanschauung de uma mulher negra da periferia de uma pais subdesenvolvido e muito diferente de uma branca norte americana de classe media.
A teologia feminista nas sua amplitude de correntes denunciou que o fazer teologia por muitos séculos era um privilégio exlcusivamente dos homens. Por acaso, essa seria uma forçatura? Acredito que não ! Realmente o fazer teologia formalmente era um trabalho feito somente por homens, o que em parte deixava o trabalho incompleto. Com certeza as mulheres hoje nas catedras de universidade deram a sua contribuição ao teologizar, seja na intuição, como com o afetivo. E com a sua presença no ambiente teológico também o rosto da teologia muda de expressão, se tornando mais inclusiva e plural.
A grande influência da experiência dessas mulheres que reclamam a categoria genero, que insistem sobre o particular da experiencia colocada em comum ao invês do universalismo. Que resgata as mulheres seja na História da Salvação, manifestada nas Sagradas Escrituras, que Deus se serve também das mulheres para encarnar a sua mensagem. As mulheres que descobrem em Jesus, não um opressor das mulheres, mas observam nele o prototipo da masculinidade exemplar, que é solidário com as mulheres propondo assim um projeto novo de humanidade.
Essa mesma teologia feminista terá a sua mensagem para dizer em respeito a Mariologia. Instaurando uma critica seria a "mariologia tradicional" que sempre voltada para o céu se esquecerá da Virgem Maria no seu contexto humano, que a elevará tanto ao ponto que nenhuma outra mulher poderá seguir a sua estrada, porque é praticamente impossivel a uma mulher sexuada se espelhar em Maria seria um ideal impossivel. Visto que não é possivel a mulher ser Virgem e Mãe ao mesmo tempo ou escolhe uma ou a outra estrada.
Toda a mariologia tradicional é centrada em Maria, Virgem-Mãe, são duas coisas que não se realizam em nenhuma outra mulher. O caminho para as mulheres ou se torna mãe dentro do matrimônio, ou assume a vida consagrada pela virgindade, mas jamais uma mulher poderá atingir na plenitude o exemplo de Maria. O ideal colocado é por demais elevado para uma mulher atingir, é um ideal metafisico. Segundo as teológas a condição sexual dos cantores das glórias de Maria influência e em muito a mariologia inspirada por esses mestres, de cunho sacerdotal e celibatário, tornando impossível a uma mulher sexuada seguir totalmente o exemplo de Maria.
Para conciliar as duas possibilidades sem esquizofrenia é necessário ler a maternidade e a virgindade em chave não estritamente biológica.
Outro elemento que é fator de exaltação é a humildade de Maria, pregada constantemente pelos sacerdotes, que pode parecer um subordinamento da mulher, sendo essa indicativa para o lugar da mulher na Igreja, sempre submissa e sempre disposta ao serviço e não propriamente a assumir a atividade ministerial.
Nesses e outros aspectos se faz necessário mostrar o rosto humano de Maria, a mulher de Nazaré, que faz parte do povo de Deus e da sua caminhada.
O Magnificat como é lido em chave teologico-libertadora principalmente na América Latina é um contributo interessante da Teologia da Libertação-feminista e oferece uma chave para ler Maria nossa irmã de caminhada no processo de libertação do povo. A mulher que reconhece o Deus Libertador que ouve o clamor do oprimido e vem em seu socorro.
A teologia feminista por sua vez revela esse rosto humano de Maria que é próxima as mulheres de carne e osso, mas ainda sim próxima a todos os que sofrem. Maria que como a serva do Senhor está ao lado dos que sofrem, os pobres do Senhor(anawin) que como ela só podem esperar em Deus, e Ele quem dá forças para seguir lutando e enfrentando as dificuldades da vida, o pecado e as perseguições.
Seguindo o Concilio Ecumenico Vaticano II que nos ensinará que Maria nem tanto o céu e nem tanto a terra. Porque, ao mesmo tempo que é a escolhida para ser a mãe de Deus, e vai compreendida na sua singolaridade, na vida e na missão e na união com Cristo, mas também se coloca como modelo a ser seguido, por cada um de nós. Ao mesmo tempo que pela sua missão no modo que coopera com o Filho na Obra rendentora, é a criatura mais próxima a Ele, é a mais próxima dos seres humanos , porque intercede por eles, e os endereça no seguimento do seu Filho.
Os mesmo ensinamentos do Concilio ressaltam que Maria na sua dimensão antropologica é modelo do ser humano que na liberdade criatural sendo consciente e responsável quer responder ao chamado de Deus e colabora com Ele para a realização do seu projeto, de modo que em Maria, o humano e o Divino, trabalham juntos na construção de um mundo novo.
Deus que é Todo poderoso quer contar com a colaboração da sua criatura e espera uma resposta, consciente, livre e responsável. Mostra Maria como sujeito ativo, o seu "fiat" que não é simplesmente passivo e de submissão, mas é consciente e responsável, sendo parceira de Deus, na nova humanidade redenta por Cristo.
Outra leitura tradicional que pode ser aprofundada é aquela feita por Santo Irineu colocando o paralelismo entre Maria e Eva, Cristo e Adão, lendo em antitese, obediencia e desobediencia. Não temos autoridade para deslegitimar um Padre da Igreja, e nem é intenção, o fato é que por séculos essa leitura vem sendo somente repetida sem usar a criatividade teológica ou ver as coisas de um outro angulo. Seria muito mais interessante estabelecer um paralelismo do sim ler em chave da fé obediencia: o sim de Abraão e o sim de Maria. Ambos do povo hebreu, ambos fazem um salto na fé confiando na promessa de Deus. Ambos decidem conscientemente de seguir Deus e são sustentados por Ele. Nessa perspectiva se pode dizer que como Abraão é nosso Pai, na fé, assim também Maria Santissima é nossa Mãe na fé.
Esses entre outros seriam alguns aspectos que a teologia feminista ajuda a enriquecer a teologia em geral em quanto ciência propiciando um lato horizonte e sobretudo uma ciência que consiga ser inclusiva e menos excludente perceber sobretudo o marginalizado o esquecido o não nominado.


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